domingo, 6 de dezembro de 2009

PARABÉNS AO GRANDE FOTOGRAFO DOS ARTISTAS

HÁ MUITO QUE AQUI OU NA MINHA OUTRA PÁGINA ME APETECIA FALAR DO AMIGO APOLLO MAS FALTAVA-ME UMA FOTO SUA PARA ILUSTRAR UM TEXTO.
O APOLLO COMO FOTOGRAFO NAO GOSTA DE SER FOTOGRAFADO.
RECEBI UM ALERTA DO GOOGLE SOBRE O TEATRO DE REVISTA DO QUAL SURGIA ESTA FOTO E A NOTICIA QUE AQUI PASSO A TRANSCREVER(FOTO E NOTICIA NET)

AO AMIGO APOLLO QUE MARCA SEMPRE PRESENÇA NOS MEUS EVENTOS UM GRANDE ABRAÇO DE PARABÉNS E VOTOS DE MUITOS SUCESSOS E GRANDES FOTOGRAFIAS COMO SEMPRE NOS HABITUOU.







Ao entrar no estúdio fotográfico de Apollo pode sofrer-se um susto. As imagens expostas na paredes são de cantoras populares, profissionais de strip parcialmente despidas, com penteados assustadores ao melhor estilo anos 80, duplas de espectáculos duvidosos e muitas dedicatórias "ao senhor Apollo". Chi-corações, beijos, beijinhos e abraços e agradecimentos eternos. Uma Mónica Sintra quase adolescente, uma Micaela ainda criança mas já vestida para cantar e uma Rute Marlene em início de carreira. "Começaram todas aqui", diz o senhor Apollo, com orgulho mas sem mania, com a naturalidade de quem anda nisto há muitos anos.Francisco Marques Apolinário aprendeu o ofício de fotógrafo com a ajuda "de um caldo no pescoço", dado pelo avô, o fotógrafo madrileno Mendonza. Tinha 11 anos e entrou "de surra" para a câmara escura, disposto a repetir os passos do avô, convencido da facilidade da coisa: "Estava a revelar uma fotografia e não aparecia nada, era só assim uma coisinha, uma imagem de nada. Entretanto o o meu avô já estava atrás de mim, eu é que não sabia. E eu disse para os meus botões: 'Mas não aparece nada nesta merda?!' E nisto, zás, deu-me um caldo que eu ia enfiando a cabeça no revelador."O susto não o afastou das fotografias, pelo contrário: "Comecei a tomar aquela força e pensei para mim: 'Não pergunto mais nada àquele gajo.' Lia livros e estudava e, claro, cá está o tal ditado "ver é meio aprender" e é bem verdade. E pela surra ia fazendo."Nascia então Apollo, um nome artístico carimbado a dourado nas fotografias tiradas, ampliadas e reveladas pela sua mão. Foi repórter de quase todos os jornais da altura, desde "O Século", ao "Diário de Notícias", passando por "Diário de Lisboa" e "Diário Popular". Foi colaborador da revista "Plateia" durante 20 anos, trabalhou para a "Flama", "Século Ilustrado", "Crónica Feminina" e "Notícia de Angola". Ascensão
A primeira estrela que lhe entrou no estúdio foi Madalena Iglésias, a voz que eternizou "Ele e Ela", cantarolado por várias gerações de portugueses. A então rainha da rádio queria um fotógrafo que a promovesse e ajudasse nas campanhas publicitárias. "Era uma mulher muito bonita e demo-nos logo bem. Acompanhei-a sempre, até ao fim da carreira, quando se casou. E as fotografias do casamento fui eu que as fiz." A parceria fez sucesso e quando deu por ele, tinha o estúdio cheio: "Depois veio o Calvário, e claro, as fotografias começaram a andar de mão em mão e a casa enchia-se. Diariamente era trabalho, trabalhava toda a noite."Além dos trabalhos de estúdio, Apollo era o fotógrafo das revistas do Parque Mayer e tratava as estrelas por tu. Laura Alves, Ivone silva, Octávio Machado, Max, Maria José Valério, eram mais do que alvos profissionais e no fim dos espectáculos, a noite estava longe de acabar: "Íamos para uma boîte, dançávamos, era bonito. Havia muita amizade, dávamo- -nos todos muito bem."Aventuras
As histórias de Apollo são tantas que se perde o fio à meada. Volta atrás e deixa as datas pelo caminho. Afinal, são mais de 60 anos de ofício e centenas de caras eternizadas pelas suas mãos. Os relatos são atropelados pela lembrança de outros mas a memória não falha e Apollo lá resgata as aventuras do ofício. Recorda como ajudou um casal a atingir o sucesso e a riqueza, com a ajuda das fotografias que lhes tirou para publicitar o espectáculo que faziam e de como eles voltaram ao estúdio, sete anos depois, "montados num belo carro", para lhe agradecer. Não são só as histórias que se perdem, as aventuras românticas também. Teve muitas namoradas - tantas que já perdeu a conta. Mas assegura que as mulheres mais bonitas foram suas. "Quando eu passava com alguma era tudo a olhar." De peito inchado recorda uma bela bailarina argentina, conhecida no Parque Mayer, que lhe bateu à porta, jurando ficar só umas semanas, acabando "por ficar uma série de meses".Jura nunca ter estragado a vida a ninguém e até que ajudou muitas ex-namoradas a casarem-se "para que não ficassem desamparadas". Truques
Não é só hoje que as fotografias são retocadas e trabalhadas para tornar as pessoas mais bonitas. Antigamente também havia rugas, olheiras e falta de dentes. E a anos-luz da criação do Photoshop, Apollo tinha de ser criativo: "Elas entravam maquilhadas, cheguei a ter aí uma maquilhadora com esse fim, mas depois os negativos eram retocados e a fotografia também. Tirava rugas, olheiras, tudo. Na parte de trás do negativo, com minas de carvão, passava nos locais onde as rugas estavam mais acentuadas. Depois ia para o ampliador e por vezes ainda levava um difusor que tornava a fotografia mais bonita. Tirava-se normalmente 10, 15 anos a qualquer artista."Descoberta a fonte da eterna juventude no papel, não havia quem não quisesse parecer mais novo: "Os últimos cartazes que fiz para a Amália, como ela já tinha uma certa idade, foram trabalhados. Nunca mais me esqueço dela a dizer que partir dali só aquelas é podiam circular, mais nenhumas."Apollo tinha truques para tudo: "Quando eram as meninas que não se queriam rir porque tinham um dente todo lixado eu só dizia: 'Ri-te à vontade que eu ponho--te os dentes todos.' Mandava-as dizer cheese e pronto, estava o trabalho feito." O último moicano Com 79 anos, feitos hoje, Apollo não se livra dos hábitos antigos. Todos os dias chega ao estúdio às 18h00 e por lá fica até às 5 da manhã. No meio de máquinas e negativos de outros tempos, vai organizando o arquivo das estrelas e executando alguns trabalhos pontuais, à moda antiga, claro, embalado pelo som da televisão sempre ligada."Costumo dizer que sou o último moicano nesta arte. Agora é tudo digital e não vejo ninguém a pegar nisto."Recorda a vida que escolheu, os tempos em que praticava luta livre, as viagens, os amores e os milhares de fotografias. Não é saudade, garante, é orgulho. "Foi uma vida cheia de tudo. Viajei muito e conheci gente muito boa."

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